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  • Taxa Selic: como fica a taxa de juros para empréstimos e financiamentos com a decisão do Copom


  • O Comitê de Política Monetária do Banco Central resolveu manter as taxas básicas de juros sem alteração em 10,50% ao ano, porém endureceu o discurso por conta dos riscos da economia.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) resolveu, mais uma vez, manter as taxas básicas de juros inalteradas em 10,50% ao ano.

No entanto, o comunicado divulgado na quarta-feira (31) aponta um discurso mais “duro” por parte da instituição. 

Alguns pontos como a valorização expressiva do dólar e a piora das expectativas de inflação para este ano foram apontadas como fatores de incerteza para os próximos passos do comitê, que determina o patamar da taxa básica de juros do país, a Selic.

Além de manter os juros em patamares elevados, ter potencial para desacelerar a economia e reduzir o apetite dos investidores por ativos de risco, a decisão tem bastante peso para a população. 

Isso ocorre porque a taxa Selic tem muita influência nos juros de empréstimos e financiamentos, que são motores para o consumo.

Os juros para empréstimos ficarão mais caro?

Vários os fatores determinam se uma instituição financeira irá ou não reduzir os juros ao consumidor. 

O comunicado do Copom nesta quarta-feira provocou mais desconforto nos agentes de mercado de que os juros devem cair nos próximos meses.

As opções de créditos em bancos e financeiras geralmente levam em conta o patamar da Selic e os custos operacionais da instituição, assim como os tributos pagos e o índice de inadimplência de seus clientes. Essa equação define o "spread bancário", a diferença entre a taxa de captação e a taxa de empréstimo.

Dessa maneira, além de a Selic não ser o único fator que altera as taxas dos bancos, vale recordar que o repasse de uma eventual mudança no patamar do juro básico do país apresenta um período de defasagem para chegar ao consumidor.

Dessa forma, na teoria, qualquer redução realizada por parte do BC só começa a ser sentida de três a seis meses mais tarde.

Com o  cenário atual, essa redução que ainda poderia ser sentida pela população pode não acontecer. 

De acordo com especialistas, a decisão de repassar ou não a redução que a Selic teve desde agosto do ano passado para a carteira de crédito é da instituição financeira.

“Como alguns fatores macroeconômicos não estão ajudando, com uma certa fragilidade na definição efetiva da política fiscal do governo, o mercado de crédito já pode começar a ter uma retração”, avalia o economista e professor da Saint Paul Escola de Negócios Maurício Godoi.

Outro fator que pode contribuir para taxas ainda elevadas para o consumidor é a perspectiva de que o BC não deve mais cortar juros neste ano.

“A economia é feita de trajetórias e expectativas. E a expectativa agora é que o BC não vai mais reduzir os juros neste ano. Com isso, a leitura da maioria das instituições financeiras é: ‘vou reduzir juro para o consumidor para que?’”, disse a economista e professora da Fundação Getulio Vargas (FGN) Carla Beni.

“Então, a partir do que se desenha hoje, a expectativa é que o consumidor continue pagando juro alto nos empréstimos”, completou a especialista.